2 de julho de 2012

Viagem de balão…

A vida é uma viagem com viagens dentro!
Há viagens que se escolhem fazer, outras que alguém decide por nós, algumas são solitárias, outras comuns, viaja-se pelos tempos, pelos espaços e, até se viaja de forma tão inconsciente que só é perceptível a viagem quando chega ao seu fim! Cada um vivencia a experiência com rituais próprios. Há quem leve muita bagagem, há quem adquira bagagem pelo caminho… Alguns caminham o percurso, outros escolhem conduzir pelo trilho e outros há que, simplesmente, se deixam levar…
- Vou fazer uma viagem de balão! – não é uma escolha comum mas é uma escolha.
A subida foi feita com aquele friozinho bom no estômago e aquele brilho expectante no olhar, de quem quer absorver o encanto do mundo. Estabilizada a altura, o corpo segue com o sopro do ar quente do balão na cara e a brisa fresca e macia pelo resto de si. O mais eriçante arrepio traduz o doce prazer de um fio ténue de adrenalina.
Num voo elegante, o balão é vislumbrado da terra paralela. Uns admiram-no, outros ignoram e uns quantos desejam-lhe, no mais íntimo de si, a queda abrupta. Durante largos quilómetros o vistoso, mas frágil balão, avança na sua viagem… Deslumbrado com a majestosa paisagem e com o turbilhão de sensações vividas nem toma conciência que vai perdendo altura… Cai, cai, vai caindo e cai… Só quando toca no topo das árvores se apercebe que algo correu menos bem… Inicialmente o medo bloqueia o pensamento… Mas o medo não é mais do que um concentrado de energia… Os ombros caídos dão lugar a firmeza, o tremor das mãos passa a cerrar os punhos, o olhar vago concentra-se no horizonte e a respiração superficial culmina numa inspiração profunda que devolve oxigénio à vida:
- Vamos lá pôr esse balão a ganhar altura e… voar!

26 de setembro de 2011

Os mundos do mundo...

Vagueio num mundo de estatutos, aparências e hierarquias erróneas. Num mundo povoado por muitos seres que se julgam, ridiculamente, superiores. A irritação já deu lugar em mim ao sorriso da mais profunda ironia. A cegueira de muitos impede-os de enxergar que o seu lugar no universo é fruto de um feliz acaso e que a sua posição poderia ser, na realidade, bem diferente. Caminham altivos, olhando de cima como se nada nem ninguém os pudesse derrubar. Observo-os sem sentir vestígios de inferioridade, admiração ou reverência em relação a tais individualidades.
É assim num dia banal mas um dia banal também nos pode fazer ver o mundo numa outra perspectiva.
Saí para colocar o lixo no contentor. Tarefa desagradável... À medida que me aproximava com três sacos carregados de resíduos, nos quais se incluíam produtos alimentares que deitava fora porque tinha deixado passar o prazo de validade, observo uma senhora aproximar-se na direcção oposta. "Só espero que esta cigana não me chateie", pensei com uma petulância da qual me condeno. Por instantes, ficámos lado a lado cada uma de frente para o seu contentor... eu despejo o meu lixo num deles e ela procura no do lado, entre a pestilenta confusão, algo para comer. Olho-a perturbada. Ela pressente o meu olhar e sussurra um tímido "boa tarde". Retribuo automaticamente e sigo caminho para o estacionamento onde tinha a bagageira do carro atulhada com as compras que tinha feito, previamente, no supermercado. Pelo caminho uma ideia perturba-me a mente "afinal há mesmo fome em Portugal". Procuro abstrair-me e retiro os sacos da viatura magicando uma forma de transportar tudo aquilo até casa. E eu que só ia comprar leite... Subitamente sinto uns olhos caídos em mim. No outro lado do passeio, revejo aquele vulto carregado de pesares mas despido de emoções. Olha-me à distância... Respiro fundo, cai-me a veste mundana, pouso os sacos no chão molhado pela chuva e peço-lhe que se aproxime. Ela olha-me incrédula e a medo. Insisto na aproximação e ela acaba por ceder. Abro os sacos e entrego-lhe os unicos bens realmente úteis que transportava... o pão e o leite. Vi nos seus olhos verdes o brilho que uma criança tem ao abrir as prendas no Natal. "Que Deus a ajude", repetiu vezes sem conta enquanto se afastava. Segui para casa, envergonhada, com sacos repletos de cremes, champoos, coca-cola, chocolates, bolachas, rebuçados...
Aquela senhora despertou em mim um verdadeiro sentimento de inferioridade... Vi claramente a futilidade do meu dia a dia. Fiquei sem pão e sem leite mas com os olhos mais abertos.
Quanto mais superior e importante te julgas, mais vulgar e mediocre és! E existe tanta gente a precisar de aprender a lição...

23 de abril de 2011

Em frente...

Segues o caminho, sempre em frente, porque com a vida aprendeste que é essa a direcção que deves tomar mesmo nos momentos em que te sentes perdido. Assim, nunca chegas a sentir o desnorte de desconhecer o rumo a seguir. Quando te questionam onde vais e que destino vais seguir, a resposta sai firme, definida e sem réstia de hesitação:
- Vou em frente!
Mas se pudesse ser sempre assim era simples demais e a vida está longe de nos permitir tal facilitismo... Há sempre aquele amanhecer em que tudo muda, tudo se transforma... As certezas são levadas pelo rio tumultuoso para paragens longínquas, o sopro do vento estremece-te as pernas outrora firmes, o brilho do sol impede-te de enxergar com clarividência e o firme solo abre brechas ao acaso sob os teus seguros pés.
O mais fascinante neste quadro é o harmonioso caos em que ele pode transformar a vida. Vacilas na segurança que demoraste a conquistar, a mente é povoada por questões sequenciais em que a resposta a cada uma delas origina sucessivamente mais duas ou três...
Sentes o embriagar de uma tontura e quando estendes a mão para encontrar o amparo que te devolva o equilíbrio deparas-te apenas com o vazio... O corpo inerte começa a tombar desprovido de forças e cai, cai, cai... Até que, numa fracção de segundo, a bomba vital te pulsa no peito como que tentando escapar à ruptura iminente e o espaço vazio do teu interior suga sofregamente, de uma golfada só, uma grande quantidade de ar fresco e revitalizante.
Ergues-te graciosamente, a palidez é substituída por um rosado vital e as brasas enfraquecidas incendeiam novamente o mastro imponente. Recuperas a verticalidade e ouves a questão daquela voz perturbante:
- Onde vais?!
- Vou em frente...


9 de novembro de 2010

Madeira...

Partir, sem pensar... seguir o instinto e, simplesmente, ir! Sem planos, sem visitas marcadas, sem compromissos, sem pressões, sem nada!
Esse "nada" que tanto perturba em alguns momentos e tanto preenche noutros...
Se é um risco? Sem dúvida! Mas... a vida não é feita desse mesmo substrato?! O risco?!
Parti como sempre nestes últimos tempos... a flutuar. Ainda não estava no gigante metálico e já há muito flutuava sem destino ou direcção. Com o pássaro mecânico voei fisicamente mais alto e, desta vez, não senti medo de voar. Perturbante facto! A anestesia que me invade a alma está cada vez mais intensa e aos poucos rouba-me as emoções uma a uma... Está a começar a furtar-me o medo! Quando se perde o medo perdem-se os limites e as barreiras de que tanto nos lamentamos mas sem as quais seria caótico viver!
Olhei pela janela e mergulhei no azul profundo. Às vezes sentia-me como o mar observado à distância... é opacamente azul e esconde a vida interior que tem dentro. Quem o observa de fora até se esquece da riqueza que lhe vai por dentro. Pode estar tumultuoso à superfície e estranhamente calmo no interior com a fauna e flora perfeitamente orientadas. Outros dias parece um espelho reluzente de tão apaziguador sendo que as correntes revoltas lhe desorganizam violentamente o interior! Fascinante este mar...
Perco-me com a rápida sucessão de ideias e apercebo-me que voltei inesperadamente a pensar! A mente que julgava adormecida despertou, por instantes, do sono profundo.
Porque é que ninguém me tinha dito que este mar era tão azul?!


1 de setembro de 2010

Sonolências...

De porta fechada... janelas escuras e ar em recirculação...
A apatia, o marasmo... o Ser apenas, distante do imperativo Existir!
Estar acordado num mundo adormecido...
Bebendo uma água que nem engana a sede,
Mostrando o imaculado esmalte como se isso fosse sinónimo de sorrir...
O cansaço de ser pretérito imperfeito!
*
Larga os pincéis e espalha a tinta na tela com as mãos!
Tira as luvas e planta aquela árvore com os dedos empregnados de terra molhada!
Descalça os sapatos e pisa o frio do chão!
Não escrevas... diz!
Mas, não gastes o pensamento...

29 de maio de 2010

Mundo paralelo...

Leio-te... não sabes que o faço mas absorvo cada pensamento teu transcrito em palavras que podiam ser minhas. E é isso que me intriga... A tua vivência e a minha sobrepõem-se numa enormidade de pontos. A primeira vez que me confrontei com essa realidade, fugi. Como é que pode ser?! Como é que a lua brilha para ti com o mesmo encanto que para mim?! Como é que o mar carrega para longe a nostalgia que lhe levas assim como acontece comigo?! Como é que partilhas a minha ilusão se ela é só minha?!
Aos poucos reaproximo-me lentamente... Mas mantenho uma certa distância. Compreendo bem demais as tuas inquietações mas, por razões para mim mais do que óbvias, o teu mundo, nunca, jamais deverá tocar o meu...

20 de maio de 2010

Montanha russa...

Este silêncio outra vez… Contigo por perto tinha mais inspiração, escrevia mais, tinha mais emoção no dia a dia! Vivia sentada na primeira fila de uma montanha russa daquelas bem altas e complicadas com voltas e mais voltas… Uma daquelas em que quando te sentas e apertas o cinto de segurança tens vontade de sair a correr porque só pensas “Onde é que eu me vim meter?!”. E depois começa a viagem… bem devagar e agradável… sobes uma ligeira elevação e desfrutas da brisa da descida sentindo um buraco no lugar do estômago… e vais avançando, subindo e descendo descontraidamente até que, sem saberes bem como, tens os pés no lugar da cabeça e vês o mundo ao contrário! Aí sentes aquele nó na garganta e sorris quando regressas à verticalidade comum. Mas a viagem continua… sobes, desces, viras para um lado e a seguir para o outro… e chega um momento em que vais subindo, subindo, lentamente subindo… e quando chegas ao cimo páras e ficas deslumbrado com a vista… O horizonte ali tão perto... sentes que se abrires os braços consegues voar! Sentes-te livre! No instante seguinte começas, inesperadamente, a cair… Abruptamente, violentamente, cais a toda a velocidade enquanto te agarras com toda a tua energia à barra de segurança… tens a mente vazia pelo medo e cais… cais… até seres travado inesperadamente quando chegas ao final da descida. O coração bate forte, as mãos suadas permanecem firmemente cravadas e escorre um suor frio pelo canto da testa… És conduzido lentamente até ao fim do percurso, ouves uma voz sorridente pronunciar um "Obrigado pela sua viagem" e sais com uma nausea estranhamente agradável. Mas o mais incrível disto tudo é que ficas com uma vontade enorme de… repetir!

Eu deixei-me de montanhas russas e dediquei-me aos serenos carrosséis. Se bem que estes círculos monótonos estão a deixar-me indisposta…

12 de abril de 2010

Noutro tempo... era assim...

Afinal, não fico à espera...

Se ao menos tivesse tido voz para tudo o que vai cá dentro...

6 de abril de 2010

Tempo de crescer...

Ainda tinha as mãos trémulas... Nos olhos oscilavam lágrimas que recusavam o convite da gravidade; as palavras resumiam-se a uma só: partiu!
Com os seus caracóis loiros basculantes, a sua pele branca de maças rosadas e uns olhos onde cabia o mundo, olhava para a boneca de porcelana reduzida a cacos... "Velha", pensou! Já tinha alguns anos mas era a primeira vez que a caracterizava assim... Olhou-a de cima, quando habitualmente a olhava de um ângulo inferior, e pensou que daquele ponto de vista não lhe parecia ter assim tanto brilho como sempre julgara ter... Pareceu-lhe uma boneca vulgar daquelas que se vendem numa qualquer loja de esquina.
Decidiu não a recuperar... Noutras situações teria recolhido cada pedaço para cuidadosamente recolocar no respectivo lugar e teria remendado o vestido de forma a não ser perceptível o desgaste provocado pelo tempo.
Desta vez, não! Colocou a boneca no baú das recordações juntamente com a lembrança de cada sorriso, de cada brincadeira, de cada aventura... e fechou a tampa.
Saiu do quarto e cresceu!...

19 de março de 2010

Breve passagem...

Distante daqui... Venho, olho, releio os textos mas não páro para deixar nada de novo... não me recosto para escrever... ignoro as ideias, esqueço as palavras, troco frases só para evitar espraiar a mente com receio do que possa ou não sair.
Flutuo... conscientemente e por vontade própria! Vagueio sem tocar no chão. Sinto o cheiro da erva molhada sob os meus pés, o calor das pedras aquecidas pelos primeiros raios de sol e a poeira que se levanta à minha passagem. Por mais calmamente que avance, levanta-se sempre poeira... em maior ou menor quantidade, mas a verdade é que este pó me incomoda.
Fui passear para longe desta cidade pequena... mentalmente pequena e, para mim, há muito claustrofóbica. Fui respirar a poluição da confusão e purifiquei-me... Contraditório?! Não! A poluição do ambiente é grave mas uma pequena gota de oceano quando comparada com a poluição do espaço, das pessoas! Devia ter ficado por lá... talvez!
E chega, por agora! Afinal, uma parede rachada na portada de uma barragem pode, com o tempo, provocar um desabamento catastrófico! Assim... vou escrever para outro lado!

15 de fevereiro de 2010

23 de janeiro de 2010

Hipnose...


Persistência ou teimosia?! Desta vez... teimosia. Desafio a desafio conquista-se a energia vital que nos faz seguir em frente. Mas e quando não se atinge a meta?! Quando a vida te envolve num estado hipnótico em que tens discernimento para avaliar os prós e os contras, estás consciente de que deves mudar de estrada mas simplesmente não consegues fazê-lo?! Quando os teus pés caminham livremente fora do teu controlo... as tuas mãos escrevem o que a tua mente nega, os teus olhos procuram o que não deves ver e apesar de conheres a verdade continuas a contrariar os factos?! É como uma flor murcha num vaso que continuas a regar e a expôr delicadamente ao sol. As pétalas enegreceram, a terra deixou de ser fértil mas o vaso continua na janela. Irracionalmente no peitoril da janela à espera que daquela natureza morta renasça a vida. E quando um traço verde emerge da terra volta aquela esperança... a doce desilusão de uma oportunista erva daninha. Sabes que morreu (será que algum dia chegou mesmo a ter vida?! não seria antes uma flor de plástico?!) mas insistes... insistes... persistes!

Há desafios que não se conquistam... é tempo de ouvir o estalar de uns quaisquer dedos e regressar à realidade do tentei, lutei mas... não consegui!

21 de janeiro de 2010

O castelo...

Abri lentamente aquela porta que tinha fechado há largos tempos atrás... Era uma sensação estranha entrar naquele espaço. Era meu mas sentia-me insegura. Estava mudado... o ar era húmido com cheiro à erva fresca e selvagem que se tinha apoderado dos jardins outrora babilonicamente cuidados... a madeira perdera o brilho e queixava-se a cada passo que avançava... as grandes janelas estavam fechadas e cobertas dos fios reluzentes que uma aranha envergonhada tecia... a fonte pingava vertígios do que outrora era uma corrente forte mas harmoniosa de água pura e cristalina. O tempo ali não parou... avançou mais lentamente.
Fechei os olhos e fui levada a outra era.
*
Recordei o tempo em que contigo, pela tua mão, lado a lado, fui abrindo uma a uma as portas do meu castelo. Até apareceres nunca ninguém tinha passado dos jardins mas tu foste longe muito mais longe... Contigo descobri lugares mágicos, passagens secretas, novas cores, novos sabores, novos olhares... o outro lado da vida.
Durante o dia habitávamos mundos distantes. Nada nem ninguém suspeitava que estávamos tão profundamente ligados... Permanecíamos numa distância segura mantida suficientemente próxima pela linguagem do olhar... não eram preciso palavras, bastava o olhar!
E quando caía a noite o que mais desejava era o romper do silêncio pelas tuas palavras. E tudo fazia sentido; abriam-se as portas do castelo e começava aquela celebração da descoberta só nossa. Contigo falava a mesma língua, abria horizontes e ia sempre mais além. Crescia naquela magia em harmonia com o universo.
Até que um dia... tu sabes...
Tentei manter o castelo com aquela vida mas sem ti não fazia sentido.
*
Abri os olhos... sacudi as teias da atenta aranha e abri as janelas... Entrou uma brisa temperada e suave... Pode ser que faça aqui uma festa um dia destes... quem sabe?!

14 de janeiro de 2010

Para ficar...

- Mas tu vais para ficar?! Não vais só por uns tempos?
"- Para ficar."

E fiquei triste... Triste de um modo que nem tu deves compreender. Colegas, conhecidos... há muitos... amigos?! Uma preciosidade! E tu és uma dessas preciosidades... Apesar dos 180 km que nos separam agora, sei que estás perto e estás aí. Mas com uns quantos países pelo meio como é que vai ser?! Quem é que me vai contrariar?! Quem é que me vai tratar como se eu fosse uma "pita mimada" dos tempos do liceu?! Quem é que me vai ouvir naquele discurso transcendental próprio de uma pessoa alienada e achar que o que digo é normal?! Vais fazer-me falta...
Sempre te imaginei com um futuro risonho... A tua visão sempre foi mais além... Vês o que a maioria nem imagina e transmites a tua visão com uma segurança assustadoramente acertada. Jogas com as palavras, brincas com as frases, baralhas as ideias e no final tudo faz sentido. Falta-te uma porta aberta para o teu lugar ao Sol... sei que vai ser um lugar de primeira fila porque tu mereces!
E sim, és mesmo importante para mim apesar de nem sempre pensares que és!
Boa sorte... sê feliz... eu fico à espera de ver...

6 de janeiro de 2010

Palavras dos outros...

"Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas... O tempo passa... e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais"
Bob Marley

3 de janeiro de 2010

Virar a página...

Novo ano, novos projectos, esperança renovada... Todos, de modo mais ou menos consciente, somos embebidos desta ideologia. Envolve-se em mistério esta energia positiva que a simples mudança de um dia faz... Renasce uma vontade mais sólida, revitaliza-se a nossa energia pessoal, sonhamos, idealizamos, ouvimos uma estranha voz interior sussurrar "é desta" e somos incutidos de um novo ânimo. Esta envolvência tem diferente intensidade de pessoa para pessoa mas é transversal. Nem a renuncia aos festejos tradicionais, nem um ânimo mais escuro conseguem silenciar este rasgo de energia. Mas porquê?! De onde vem esta renovada capacidade de sonhar?!
Questiono mas não me demoro, por agora, na questão.
Mudou-se o ano e eu decidi... virar a página :)

20 de dezembro de 2009

No arame...

Em equilíbrio... Ténue, é verdade, mas não deixa de ser equilíbrio.
De braços abertos, pé ante pé e sem tirar os olhos de um ponto em frente, vai avançando. O arame é fino mas o segredo está no sítio para onde se olha... olhar para trás não vale de muito; é importante ter noção do caminho já percorrido mas não se deve andar para frente com a cabeça voltada para trás. Olhar para baixo pode produzir uma assustadora vertigem e olhar para cima pode ser um foco de distracção (a lua e as estrelas são assim). Em frente... o caminho é em frente. Só se vislumbra um ponto pequeno e longínquo mas ele há-de ganhar formas e contornos...

Claro que no caminho pode aparecer aquela oscilação que faz... perder o equilíbrio... Mas com o tempo aprende-se a avançar mesmo com oscilação!

Há dúvidas?!

Só para dizer que ainda estou aqui...

4 de novembro de 2009

A conversa do silêncio...

"I kept it inside for the longest time…
And I can’t keep keeping it…

Maybe it’s safer not to say that I care…
Maybe this road won’t lead me anywhere

But if I don’t say the words…
How will you hear what’s inside my heart?

Maybe I’m going to make a mistake,
And there’s a chance maybe my heart will break


But…if I don’t tell you now
I may never get the chance again…

How will you know you’re inside my soul?
It’s driving me crazy
Cause you don’t see, you’re the world to me…"



29 de julho de 2009

Já aprendeste alguma coisa hoje?...

Aprendi que...
- a primeira impressão nem sempre é correcta mesmo para aqueles que julgam ter um apurado “sexto sentido”,
- podes estar no mais profundo silêncio ao lado de alguém, dizer disparates e fazer muitas coisas irracionais, pode correr tudo mal à vossa volta mas ainda assim fazer sentido,
- por amor podes esconder a tua mágoa daqueles que amas para que não sofram contigo,
- há amigos mesmo para toda a vida,
- um grande sonho pode ser difícil de alcançar... difícil mesmo,
- o fim de uma paixão pode parecer o fim do mundo mas um tempo depois consegues rir-te desse passado... a perda de um amor é uma tatuagem que dói intemporalmente,
- há noites muito longas... e outras muito curtas,
- a paciência tem mesmo limites,
- tu és o teu maior amigo e o teu pior inimigo,
- há alturas em que as situações te forçam a sorrir para quem não gostas e a endurecer com quem amas,
- podes ter dias muito felizes... apenas com a tua própria companhia,
- há erros do passado que estarão sempre presentes na tua memória,
- é possível ser sempre fiel a alguém... e às vezes seres infiel contigo próprio,
- chorar alivia a alma,
- há momentos em que vais querer parar o tempo para eternizar a felicidade,
- o amor suaviza os defeitos,
- sonhar ajuda a retemperar energias,
- podes escrever coisas tão surpreendentemente certas que nem acreditas que foste tu que escreveste...

13 de maio de 2009

Pausa...

Em pausa... é como está este blog agora e a quem pergunta digo que não sei quanto tempo irá durar esta fase. Não deixo de escrever mas nesta altura apetece-me guardar a escrita para mim... Reorganizar ideias sem pressões (como eu gosto).
Há tanta coisa a acontecer...
Podia dizer "até já" mas esta expressão perdeu a magia (private one), por isso... eu volto, nem que seja para me despedir da minha ilusão...

E sim, agora sorrio!

27 de abril de 2009

Abril...

É Abril... passou o dia mas quero deixar uma marca dele para recordar...
Era 8 e apeteceu-me ir... Porque lá sou estranhamente feliz... Caminhei junto ao rio até ao mar e senti aquela calma, aquela paz... O pensamento voava alto, as ideias encaixavam inexplicavelmente na perfeição. Ouvi a água correr... vi o sol descer... Não há pôr do sol mais mágico do que o da foz do Douro... As luzes apareciam mas a rainha era uma Lua cheia fantástica...

O Porto... o Douro... Mensagens... Embrulhos... Sorrisos... Surpresas... Sinfonia de parabéns... Obrigado!

Só me faltou um bocadinho assim...

26 de abril de 2009

Gravidade...

Começar aqui, andar, andar, andar... e, no final, voltar ao mesmo sítio. Parece que o percurso é diferente, parece que te estás a afastar do centro e até nem sentes a tontura de andar sempre às voltas mas quando atinges a meta... estás no ponto de partida. Descreves uma elipse mais ou menos excêntrica mas perdes noção de onde começa e onde acaba... Tens apenas uma certeza: continuas aprisionado nesse trilho e apesar da temporária ilusão de que conseguiste sair, abrir a linha e voar para novos horizontes, a verdade é bem diferente... continuas subordinado a esta força de gravidade que teimosamente te prende na liberdade que te transmite...
A questão é: será que ela é suficientemente forte para te fazer colapsar no centro ou será que quando menos esperares deixas de estar nesse estado de embriaguez que ela te faz sentir?!


Continuo à espera...


“A gravidade é a força de atracção mútua que os corpos materiais exercem uns sobre os outros.”



"Something always brings me back to you
It never takes too long"

30 de março de 2009

Lado a lado...

Tu não sabes que eu sei que me lês todos os dias...

Eu sei que tu não sabes que isso é importante para mim...

Obrigado!

22 de março de 2009

Elementar...

- Como é que se junta a água com o fogo?!
- Não juntas! A água em abundância apaga o fogo mas em pequena quantidade evapora quando lhe chega perto.
- Tem que haver uma solução...
- Não podes contrariar a natureza! Tens que escolher o caminho menos complicado!
- Tentei... Mas não adianta escolher caminhos fáceis... Um caminho escolheu-me a mim e de nada me vale contrariar! A água tem oxigénio... o fogo alimenta-se de oxigénio! Por outro lado, o fogo derrete o gelo e liberta a água que, assim, volta a correr livre...
- (Sorriu) Tu... É inútil dizer ao sol para não brilhar, não é?! Tens a tua resposta...

15 de março de 2009

Subtilezas...

Não te contentes em ser um espelho...
Procura ser uma janela.

O espelho apenas reflecte uma imagem... não é genuíno!
A janela é a essência da própria realidade...

14 de março de 2009

Dilema Informático...

Primeiro apaguei e enviei o ficheiro para a reciclagem... Mas existia aquela opção do “restaurar” por isso optei por “esvaziar a reciclagem” e ponto final (sim, eu sei que as reticências também são três pontos mas o final é final e este texto acaba assim).

2 de março de 2009

Por enquanto... amanhã...

Qualquer dia... pinto o quarto de verde água,
e volto a África,
e digo-te o que sinto,
e torno as longas distâncias em pequenos espaços,
e durmo até não ter sono,
e escrevo um livro,
e ofereço-te a prenda que sempre desejaste ter,
e conto as estrelas uma por uma,
e aprendo a falar japonês,
e construo uma cabana na montanha...
Quando?! Hoje?!

Parece que, por enquanto, tenho que deixar para um amanhã...

17 de fevereiro de 2009

Até quando?!...

E no silêncio atroz... continua a fazer sentido...


Não se explica, sente-se! Saudade... mas passa...


14 de fevereiro de 2009

Para lá das palavras...

Faltam-me as palavras, falha-me a razão...
Queria falar da insónia que aclara a mais cansada noite, queria dizer aquelas palavras que arrancam sempre um sorriso quando parece impossível sorrir, queria contar aquela loucura de ir para longe sem destino, não pelo fim mas pelo caminho...
A felicidade de ser feliz com a tua felicidade...
Queria falar, queria dizer, queria contar...
Queria dar-lhe um nome diferente daquele que todos lhe chamam... Mas...
Dizem que move montanhas, que move o mundo...
A mim... roubou-me as palavras... fica aquele silêncio que tem tanto para revelar...

9 de fevereiro de 2009

Tempo de mudar...

Tem tudo a ver... O voo de liberdade, as nuvens que acabam sempre por se deixar vencer pelo positivismo do arco iris, a irreverência da tinta que cai e das letras sem regras... É assim a minha ilusão. E até consigo partilhá-la pela escrita mas transmiti-la numa ilustração não era tarefa à minha altura...
Mas à tua era e nunca duvidei disso... Obrigado pelo tempo, pela paciência e, principalmente, por teres captado a essência deste meu pequeno mundo.
Mantém sempre presente o “ombro laranja” que te deixa um sorriso inexplicavelmente mágico no rosto. E é esse sorriso que espero ver quando finalmente chegar a tua vez!
Acreditas em ti?! Eu acredito...

28 de janeiro de 2009

Dizer... a cantar...



"Seremos cúmplices, o resto da vida...
Ou talvez só... até amanhecer"

22 de janeiro de 2009

Aquela festa...

Deixa os constrangimentos de lado, desliga o volume àqueles comentários que te afundam e ouve a tua música. Perde-te, começa outra vez, segue os teus instintos...
Vai... porque sim.
Recusa... porque não.
Pensa... quem sabe?!
Veste o vestido dos sentidos e dança até ao amanhecer!

19 de janeiro de 2009

Instantes...

Parava o tempo.
Se pudesse tinha parado o tempo... Porquê?! Porque sentia o mundo na ponta dos pés, porque sentia aquela calma rara em mim e respirava tranquilidade.
Parava o relógio... Porque conseguia rir-me de mim, sentir-me frágil mas tão estranhamente forte e... sorrir! Aquele sorriso libertador, incontrolável e genuinamente feliz.
Parava a vida... Porque estava contigo naquele lugar mágico, aquele que me lembra sempre de ti... Esquecia tudo o resto e deliciava-me com cada frase tua... guardava-te nos sentidos... Ouvia-te como uma criança curiosa que quer abraçar o mundo!
Guardava o silêncio... Porque contigo sentava-me no mais profundo silêncio e mesmo assim não trocava cada um desses instantes por nenhuma outra coisa do mundo.
Só... por te rever...

1 de janeiro de 2009

2-1000-inove

Tempo de dar cor aos quadros a preto e branco...

Cumplicidade...

Aqueles pequenos instantes... aqueles que contam... a sensação de que há emoções impossíveis de controlar! De nada te vale combater... Nem o tempo, nem a distância, nem as contrariedades... As emoções perduram! E quando chega o momento de as viveres, esqueces a angústia da espera, a desilusão do silêncio, o cinzento dos dias que se arrastam. Sentes-te completo, apetece-te parar o tempo e desfrutar cada gesto, cada expressão, cada palavra, cada cumplicidade, cada detalhe...
Os detalhes... os teus sentidos são apurados como que por magia e captas aspectos invisíveis áquele simples olhar que nada se relaciona com o ver...
E o mais puro bem estar sereno, a que muitos chamam felicidade, inunda aqueles pequenos instantes em que tudo parece fazer sentido...

9 de dezembro de 2008

Pedidos...

Vá lá... sorri :)

Pode ser?!

2 de dezembro de 2008

Amanhecer...

Preferia continuar a dormir... pelo menos por mais algumas horas... Apagar a mente, não sentir o bater do coração porque enquanto durmo ele bate calmamente e sem gritar por mim. Reparo nos lenços ao meu lado... nem me lembro dos ter colocado lá... foram precisos...
Cerrar os olhos já não surtia efeito. O dia, o relógio e as suas imposições puxavam-me do sono...
Reli o texto... com outros olhos mas com o mesmo desfecho.
Parei para perceber o que sentia... uma paz, um desconforto, uma ténue luz, uma desilusão...
A ténue luz... apago-a... existe há tempo demais...
Quero aquela brisa... sim, aquela que apaga as ténues luzes e fortifica as chamas robustas.
Oiço aquele diálogo repetido...
"- Foi desta?"
Vacilo... Mas digo em baixo volume:
"- Sim."

E agora venha de lá o... Bom Dia *

26 de novembro de 2008

Detalhes...

Finalmente... fechei esta porta...

Porque uma imagem estática não chega... é como uma sombra...
Porque as palavras sem voz tornaram-se vazias...

Faltou tão pouco... mas meio cheio, não é cheio, é mais... meio vazio...

(In)Conformismo...

O percurso mais difícil... ou pelo menos o mais inesperado e tumultuoso... O que surge no dia a dia simplesmente não chega. A insatisfação é constante... Quando se cruza uma meta a mente já projecta o que virá a seguir... Mais, sempre mais... Mas não é um “mais” ambicioso porque não parte em busca da riqueza ou grandeza vulgares... É um “mais” diferente... é crescer e sentir esse crescimento... longe das insuportáveis vulgaridades!

4 de outubro de 2008

Escolhas de hoje...


Chateia-me o óbvio e o vulgar...
Aborreço-me com caminhos direitos...
Por isso, entre a realidade e a ilusão... escolho-te a ti!

27 de setembro de 2008

O re(encontro)...

Durante muito tempo imaginava-o com detalhes, desenhava-lhe os pormenores, planeava-o com cuidado e dedicação...
Mas a anotação que lhe correspondia na agenda nunca chegou a ter uma data, uma hora... Afinal a incerteza do que poderia acontecer vencia curiosidade.
O relógio deu muitas voltas... tantas voltas...
A noite era de festa... Sorrisos, música, animação... E do nada, simplesmente aconteceu... O re(encontro)... Sentiu o tempo parar, abstraiu-se do mundo e um holofote visual ofereceu-lhe cada detalhe... Rolou uma lágrima por dentro... Ouviu as promessas, cheirou os ramos de flores, sentiu aquele abraço que os elevava para lá do mundo, viajou por onde tinham viajado e caminhou de mão dada novamente naquele trilho que era para a vida...
Quando voltou ao presente, apercebeu-se que há viagens interiores que não se conseguem ocultar...
“- Está tudo bem?”
“- Sim... Foi apenas um infeliz (re)encontro... Porque as histórias felizes que vivemos devem ficar onde estão... no passado! “

15 de setembro de 2008

Escola de Verão...

Mais do que o azul turquesa do mar, do que as areias brancas e finas, do que a brisa quente e delicada... o que fica é a marca daqueles com quem te cruzas...

Aprendes que caminhando descalço fazes verdadeiramente parte da terra...

Recordas como é fácil sorrir das banalidades e que até o mais complexo dos problemas não passa da soma de pequenas dificuldades...

Dizes genuinamente "bom dia" e nenhum rosto te faz temer...

Entras no ritmo africano e libertas o corpo nos movimentos...

Tornas-te simples... na simplicidade do ser!


1 de setembro de 2008

O dia do passeio...


A Viagem...

Sozinha! Dizia que queria ir sozinha mas era muito mais do que querer... era sentir essa necessidade! Queria acordar e seguir os seus instintos... sem regras, sem justificações, sem horários, sem censura... Queria vestir aquele vestido sem se preocupar se as sandálias eram as mais apropriadas, queria deixar o cabelo solto mesmo que parecesse despenteado, queria ler aquele livro e parar apenas porque chegara ao fim e não porque o relógio assim obrigava... queria dormir quando tinha sono e caminhar sem rumo à beira mar...
Ali estava serena... estranhamente serena... Os medos que lhe incutiram antes da partida estavam distantes e surpreendentemente silenciosos.
O silêncio das vozes. Essa era a maior libertação... o silêncio. Vivia a um ritmo frenético, o seu mundo cruzava muitos outros e quase não tinha tempo para explorar aquele castelo só seu... Sentia falta disso... de viver e respirar aquele lugar!
Esta viagem era o concretizar de um objectivo de vida e sentia a emoção de o fazer...

Momentos...


O calor suave da noite...

"- Está sozinha?!"

Sorriu...

"- Não..." - estava com ela própria e isso já é muita gente...

14 de junho de 2008

Tempo... para ti...

Escrever para ti outra vez não estava nos meus planos mas... mais do que sentir vontade... apetece-me! Apetece-me dizer-te que sim. Sim! Há 'alguém' que compreende... há 'alguém' que não te cobra nada, há quem te aceite mesmo sabendo que vives num mundo com pouco espaço para teres 'alguém' no seu centro! E as limitações que crio a mim própria nesta ilusão persistente e duradoura não me permitem dizer-te muito mais... Por vezes apetece-me saltar a barreira, quebrar as proibições mas... há ainda um “mas”...
Houve alguém que disse um dia que “só vivemos uma vida”. Discordo! Vivemos várias vidas numa vida... O desafio é entrelaçar as vidas da vida.
É por isso que por mais distantes que sejam os percursos continuo a acompanhar-te. É por viveres como eu vivo, é por ires sempre mais além e quando lá chegas desejares ir ainda mais longe!
E se nesta caminhada te resta pouco tempo para outros recorda que mais importante que a quantidade é a qualidade... E garanto-te que um segundo contigo vale mais do que anos com algumas pessoas...
“Até breve”

1 de junho de 2008

Distâncias...


Fica tudo tão mais fácil... quando estás por perto...

9 de abril de 2008

Um dia de tempestade...

O teu dia...
Era o que todos me diziam... “o teu dia”...
O astro leu-me a alma... Choveu, o vento rompia em fúria, o céu enegreceu-se... instalou-se o temporal... Por breves instantes uns tímidos raios de sol furavam o denso manto escuro e ouvia-se o tocar do telefone... Hoje até este toque constante foi perturbador...
Instalou-se o temporal, o céu enegreceu-se, o vento rompia em fúria e choveu... Há quanto tempo não chovia por aqui... Choveu, e choveu e choveu...


Passou o “meu dia”... aguardo o prenúncio do arco-íris...