9 de novembro de 2010

Madeira...

Partir, sem pensar... seguir o instinto e, simplesmente, ir! Sem planos, sem visitas marcadas, sem compromissos, sem pressões, sem nada!
Esse "nada" que tanto perturba em alguns momentos e tanto preenche noutros...
Se é um risco? Sem dúvida! Mas... a vida não é feita desse mesmo substrato?! O risco?!
Parti como sempre nestes últimos tempos... a flutuar. Ainda não estava no gigante metálico e já há muito flutuava sem destino ou direcção. Com o pássaro mecânico voei fisicamente mais alto e, desta vez, não senti medo de voar. Perturbante facto! A anestesia que me invade a alma está cada vez mais intensa e aos poucos rouba-me as emoções uma a uma... Está a começar a furtar-me o medo! Quando se perde o medo perdem-se os limites e as barreiras de que tanto nos lamentamos mas sem as quais seria caótico viver!
Olhei pela janela e mergulhei no azul profundo. Às vezes sentia-me como o mar observado à distância... é opacamente azul e esconde a vida interior que tem dentro. Quem o observa de fora até se esquece da riqueza que lhe vai por dentro. Pode estar tumultuoso à superfície e estranhamente calmo no interior com a fauna e flora perfeitamente orientadas. Outros dias parece um espelho reluzente de tão apaziguador sendo que as correntes revoltas lhe desorganizam violentamente o interior! Fascinante este mar...
Perco-me com a rápida sucessão de ideias e apercebo-me que voltei inesperadamente a pensar! A mente que julgava adormecida despertou, por instantes, do sono profundo.
Porque é que ninguém me tinha dito que este mar era tão azul?!