A vida é uma
viagem com viagens dentro!
Há viagens que se escolhem fazer, outras que alguém
decide por nós, algumas são solitárias, outras comuns, viaja-se pelos tempos,
pelos espaços e, até se viaja de forma tão inconsciente que só é perceptível a viagem
quando chega ao seu fim! Cada um vivencia a experiência com rituais próprios.
Há quem leve muita bagagem, há quem adquira bagagem pelo caminho… Alguns
caminham o percurso, outros escolhem conduzir pelo trilho e outros há que,
simplesmente, se deixam levar…
- Vou fazer
uma viagem de balão! – não é uma escolha comum mas é uma escolha.
A subida foi
feita com aquele friozinho bom no estômago e aquele brilho expectante no olhar,
de quem quer absorver o encanto do mundo. Estabilizada a altura, o corpo segue
com o sopro do ar quente do balão na cara e a brisa fresca e macia pelo resto de si. O mais eriçante arrepio traduz o doce prazer de um fio ténue de
adrenalina.
Num voo elegante,
o balão é vislumbrado da terra paralela. Uns admiram-no, outros ignoram e uns
quantos desejam-lhe, no mais íntimo de si, a queda abrupta. Durante largos quilómetros o vistoso, mas
frágil balão, avança na sua viagem… Deslumbrado com a majestosa paisagem e com o
turbilhão de sensações vividas nem toma conciência que vai perdendo altura… Cai,
cai, vai caindo e cai… Só quando toca no topo das árvores se apercebe que algo
correu menos bem… Inicialmente o medo bloqueia o pensamento… Mas o medo não é
mais do que um concentrado de energia… Os ombros caídos dão lugar a firmeza, o
tremor das mãos passa a cerrar os punhos, o olhar vago concentra-se no horizonte
e a respiração superficial culmina numa inspiração profunda que devolve
oxigénio à vida:
- Vamos lá
pôr esse balão a ganhar altura e… voar!